Confrontada Comigo Mesma

Sou natural de Lisboa e aos 19 anos, decidi dizer “Sim” ao chamamento especial de Deus a segui-lo com radicalidade, em 2015 fiz os primeiros votos, assumindo publicamente o meu compromisso com o Senhor na Aliança de Santa Maria, passei pela comunidade de Guimarães, e atualmente preparo-me para professar perpetuamente.

Contrariamente ao que se possa pensar ser religiosa nunca esteve no meu horizonte como um ideal a seguir, a minha família pertencia à classe “do cristão não praticante”, contudo depois do Crisma atraída pela popularidade e o bem-estar de ter muitos amigos comecei a pertencer ao grupo de jovens e a procurar toda a espécie de encontros cristãos.

Timidamente ia crescendo em mim um desejo interior de crescer na fé. Mas simultaneamente, vivia na banalidade que a nossa cultura me oferecia: o gosto pelas festas, pela “aparente liberdade” que as saídas com amigos davam, a moda, a dança, a possibilidade de namorar, entre outras coisas.  Andava à procura de algo que desse sentido à minha vida mas não encontrava, então enchia o meu tempo com encontros e saídas.

Depois uma forte experiência de Deus em Taizé, reacendeu em mim o desejo de ser uma autêntica cristã, sem duplicidade. Desde este momento, decidi preocupar-me em ser mais do que “ter coisas” ou “fazer coisas”.


“Andava à procura de algo
que desse sentido à minha vida…


Foi num retiro organizado pelas irmãs que ouvi pela primeira vez a palavra vocação. Desde esse momento percebi que deveria perceber qual seria a minha vocação. Confrontada comigo mesma e com a incoerência que vivia, deparei-me com um enorme vazio e insatisfação provocado pela vida que levava. Senti que tudo começava a fugir das minhas mãos!

Para mim a resposta de Deus era clara. No entanto, mesmo vendo claro esse chamamento, para mim era algo impensável um estilo de vida tão radical. Sabia que só com Deus a minha vida ganharia sentido, mas ao mesmo tempo não queria deixar tudo o que até ali já tinha vivido, nem o enorme sonho de ser mãe.

Mas a alegria daquelas irmãs sobreponha-se aos meus muitos medos e devagar, deixei-me seduzir por Jesus. Pedi acompanhamento espiritual e comecei a rezar, abrindo-se um mundo até então desconhecido: um Rosto de Alguém que me conhecia e me amava como eu era, e de muito perto tocava a minha vida. Esse Rosto é o de Jesus, que preencheu todas as exigências do meu coração. E por isso, a certeza de que Deus me escolheu para o seguir de “coração indiviso” é a maior alegria que tenho e aquela que me leva a dizer SIM ao seu chamamento. 

Nada há temer quando o que nos espera é o próprio Deus! Um Deus de misericórdia, um Deus que só sabe amar e deixar-se ser amado! É a este Deus que me entreguei e é deste Deus que tenho a alegria de falar e partilhar convosco.


“Sabia que só com Deus
a minha vida ganharia
sentido…


Ao aproximar-se o dia dos votos perpétuos da Ir. Andreia, já no próximo domingo, fomos perguntar-lhe:
– Andreia, o que sentes ao aproximar-se o dia dos votos perpétuos?
– Se tivesses de explicar a uma criança de 10 o que são os votos perpétuos, o que lhe dirias?

Irmã Andreia Ferreira

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