“Um dia encontramos um pequeno que trazia na mão um passarinho que tinha
apanhado. Cheio de pena, o Francisco prometeu-lhe dois vinténs, se o deitasse
a voar. O rapaz aceitou o contrato, mas, antes, queria o dinheiro na mão. O
Francisco voltou, então, a casa, da Lagoa da Carreira, que fica um pouco abaixo
da Cova da Iria, a buscar os dois vinténs, para dar liberdade ao prisioneiro.
Quando, depois, o viu voar, batia as palmas de contente e dizia: – Tem cautela!
não te tornem a apanhar.”
(Quarta Memória da Irmã Lúcia)
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Somos surpreendidos pela capacidade de amar do Francisco, marcada pela gratuidade:
para que aquele pássaro fosse livre, o Francisco aceita perder tudo: perder tempo, perder
dinheiro e até perder o pássaro…
De facto, a grande maravilha deste episódio é o coração do Francisco.
E o que nos encanta nem é tanto o seu amor pelo pássaro.
É, outrossim, a liberdade com que se relaciona com o que ama.
Não quer possuir nada, não quer ficar com nada para si. É a liberdade do seu coração que
devolve a liberdade ao pássaro.
Só um coração assim desprendido e humilde, pode ficar pleno de Deus. Só um coração
assim pode experimentar a verdadeira alegria, a alegria de nada ter e tudo possuir…
Ir. Ângela Coelho, asm