“Um dia, os pais dos pastorinhos foram intimados para os apresentarem em Ourém.
Os pais de Francisco e da Jacinta não os levou, mas o pai de Lúcia decidiu que seria a
sua filha a conversar com o administrador. Eis o que conta a Lúcia, nos seus escritos:
“Corri à cama de Jacinta a dizer-lhe adeus. Na dúvida de nos tornarmos a ver,abracei-a.
E a pobre criança, chorando, disse-me:
– Se eles te matarem, diz-lhes que eu e mais o Francisco somos como tu e que também
queremos morrer. E vou já com o Francisco para o poço rezar muito por ti.
Quando, à noitinha, voltei, corri ao poço e lá estavam os dois, de joelhos, debruçados
sobre a beira do poço, com a cabecinha entre as mãos, a chorar. Assim que me viram,
ficaram surpreendidos:
– Tu vens aí?! Veio aqui a tua irmã buscar água e disse-nos que já te tinham matado.
Já rezámos e chorámos tanto por ti!…””
II de IV
Que belo testemunho do que é ser comunidade, viver em comunidade!
Não existimos sozinhos, nascemos numa família à qual pertencemos pelo sangue, e vivemos numa
outra, onde nos unem os laços da fé em Cristo, pelo Batismo. Jesus Cristo quando começou a Igreja
quis faze-lo com um grupo de doze homens, que juntou em torno a si… Quando a Coração Imaculado
de Maria em Fátima, quis deixar a sua mensagem, chamou três pequenos pastores, que juntou em
torno a si…
Cada um era diferente do outro, com temperamentos distintos e interesses distintos, mas a partir do
momento que estão na mesma missão, na mesma vocação, a Jacinta é clara a exprimir o que sente e
como sente:
“Se eles te matarem, diz-lhes que eu e mais o Francisco somos como tu…”
A Jacinta deixa-nos, hoje, um apelo à unidade nesta família da Igreja que somos: se um irmão meu
sofre, eu também sofro, se alguém está em dificuldades, eu também estou em dificuldades, se alguém
está a lutar contra algum pecado, alguma má tendência, eu também estou implicado nessa luta… Por
isso rezo… rezo por quem sofre!
Como a Jacinta e o Francisco rezaram pela Lúcia: “Já rezámos e chorámos tanto por ti!…”
Que aprendamos com a Jacinta que ser membro desta família é sustentar com a oração e com a amizade
e que a crítica, a maledicência mata e fere a unidade desta família.
Que santa Jacinta interceda por nós para que o Senhor nos conceda a graça de sermos seus instrumentos
na construção de laços profundos na família humana e cristã à qual pertencemos!
Ir. Ângela de Fátima, asm