“O consagrado hoje, sinal da Aliança entre Deus e o mundo”
Ir. Marta Mendes asm
“Eis que dias virão – oráculo do Senhor – em que concluirei com a casa de Israel uma aliança nova. Porei no vosso íntimo o meu espírito e farei com que andeis de acordo com os meus estatutos e guardeis as minhas normas e as pratiqueis” (Jr 31, 31; Ez 36, 27). Estas palavras exprimem o significado mais profundo do que é ser consagrado: sinal da Aliança entre Deus e o mundo, sinal de um amor que resgate e recria, sinal de um amor escandaloso que na Cruz de Cristo cobre todas as ruturas que o homem possa ter cometido contra a Aliança. E por isso, andar de acordo com os estatutos da Aliança significa viver ao jeito de Cristo, tornado oblação do Pai por amor. Guardar as normas da Aliança e praticá-las é nada mais do que nutrir-se do dom de si mesmo, puro e gratuito, igual à Cruz de onde contemplamos o Corpo do Crucificado, totalmente e literalmente despido de si, que fez da renúncia de si mesmo aquilo que ela realmente é – oferta: “Ninguém me tira a vida, mas sou Eu que a ofereço livremente” (Jo 10, 18).
O consagrado não é senão uma memória vivente e original deste Cristo imolado por amor em favor do povo. Mas só o poderá ser enquanto esperanova e humilde de um Outro que ensinará toda a verdade, consagrará e confirmará o coração daquele que foi escolhido ao coração de Jesus: o Espírito Santo. “É o Espírito que suscita o desejo de uma resposta cabal; é Ele que guia o crescimento desse anseio, fazendo amadurecer a resposta positiva e sustentando, depois, a sua fiel realização; é Ele que forma e plasma o espírito dos que são chamados, configurando-os a Cristo casto, pobre e obediente, e impelindo-os a assumirem a sua missão”[1].
Perante a vida consagrada, o mundo deveria esbarrar com o rosto do Deus que não tem Rosto, porque o Espírito é o espaço vital onde o consagrado se move e respira. O profeta Ezequiel fala precisamente do Espírito como fonte da vida: “Eles dizem: ‘Os nossos ossos estão completamente ressequidos, a nossa esperança desvaneceu-se; ficámos reduzidos a isto.’ Pois bem, profetiza e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas, meu povo, e vos reconduzirei à terra de Israel. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo. Introduzirei em vós o meu espírito e vivereis; estabelecer-vos-ei na vossa terra. Então, reconhecereis que Eu, o Senhor, falei e agi – oráculo do Senhor” (Ez. 37, 11-14). Vejo na imagem dos ossos ressequidos a forma como, por vezes, nos apoderamos da vocação e da missão como se fosse algo nosso, sem dirigirmos a pergunta original: “Senhor que queres que faça?”. Trata-se de projetos que fazemos por nossa conta, em nome de Deus mas para nós, para a nossa imagem, ou para simples satisfação ou realização pessoal, que resultam em mais nada do que frustração, inquietação e insatisfação permanente. Quando se colocam no centro os projetos, as técnicas e as estruturas, a vida consagrada deixa de atrair e comunicar-se a outros; não floresce[2]. Momentos em que queremos ser nós a liderar, tempos em que nos esquecemos que apenas seguimos, alturas em que saímos do nosso espaço vital – o Espírito. Fora do Espírito não há vida, não há esperança, não há ocasião de reconhecer o Senhor. Andamos tão entretidos em arranjar terrenos seguros onde colocar os pés ou com os nossos esquemas que nos desviamos da vida do Espírito. É o Espírito Santo que pega nos nossos corações e os consagra e os confirma ao coração de Jesus. Mas para isso é necessário estar disponível para percorrer a via da obediência e da docilidade, o que significa ser aquele que está disposto a aprender, aquele que se deixa instruir facilmente, fácil de manejar, dócil e flexível. “Esta obediência e docilidade não são uma coisa teórica, também elas estão sob o regime da Encarnação do Verbo: docilidade e obediência a um fundador, docilidade e obediência a uma regra concreta, docilidade e obediência a um superior, docilidade e obediência à Igreja”[3].
Mas também ele próprio, o consagrado, é espaço onde o Espírito se move sem exigências ou condições, lugar da concretização do desejo de Deus, a partir do qual o Espírito inaugura a vida nova da graça, semelhante à vida da mulher de Nazaré. Colocando-se debaixo da “sombra do Altíssimo” e sob a sua proteção, Maria é a biografia mais pura onde podemos compreender o reflexo da plenitude da graça do Espírito. “O que aconteceu em Maria, através do Espírito, é uma nova criação, um novo tempo: Deus, que do nada chamou o ser, mediante a Encarnação e, através da resposta decisiva de Maria, dá agora vida a um novo início da humanidade”[4]. Esta mulher única deixa-se preencher pelo Espírito, deixa-se ser levada e conduzida como quem sabe que Aquele que a escolheu ritmará no seu caminho a norma suprema da Aliança: o dom de si mesmo.E isto é a Nova Aliança! E isto é, em sentido verdadeiro, a vida consagrada.
Um antigo responsório, que se recitava no ofício de Pentecostes diz que “sobreveio um fogo divino, que não arde, mas ilumina, que não consome, mas refulge; encontrou os corações dos discípulos como recipientes limpos e distribuiu-lhes os seus dons e os seus carismas”[5]. Será que nós consagrados somos estes discípulos? Recipientes limpos? Trago à memória Santa Jacinta Marto, que dizia: “Quando digo muitas vezes a Jesus que O amo, parece que tenho lume no peito, mas não me queimo”[6]e pergunto: onde estão os consagrados de lume no peito? Onde estão os consagrados que dizem ao Senhor que O amam?
Deixai que me sirva da beleza de Fátima, onde se vive um verdadeiro Pentecostes. Naquele belo recinto, a multidão, reunida num só coração e numa só alma com Maria, Mãe de Jesus, à espera da vinda d’Aquele que tudo purifica e transforma; naquele belo recinto, que mais não é do que uma Igreja, literalmente, de olhos postos no céu, vejo um belo retrato do que é a vida consagrada: um manto de luz[7]que cobre as sombras da humanidade, onde cada um levanta, entre mãos, uma pequena luz, como quem pede a Deus que dissipe as trevas da humanidade. Sinal do fogo e não do desalento, sinal da luz da fé e não do abatimento, sinal do Espírito que consome as deformidades do mundo. E um manto branco. De novo, cada um levanta nas mãos o lenço branco, como quem grita por esperança, por refúgio, por abrigo. Sinal da brancura, da inteireza, da transparência e não da mentira, sinal da autenticidade e não da duplicidade, sinal do Espírito que passa na brisa suave. Não será isto a vida consagrada? Não é isto que cada comunidade é chamada a ser no meio do mundo, uma comunidade de olhos postos no céu?
Não há que ignorar que “a cultura secularizada penetrou na mente e no coração de não poucos consagrados, que a entendem como uma forma de acesso à modernidade e uma modalidade de abordagem do mundo contemporâneo. A consequência é que, não questionando a indubitável generosidade, capaz de um testemunho e de uma entrega totais, hoje em dia a vida consagrada está a conhecer a ameaça da mediocridade, do aburguesamento e da mentalidade consumista”[8]. Não raras vezes, na tentativa de queremos parecer atualizados, nos esquecemos que um dia “consideramos que tudo foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, nosso Senhor: por causa dele, tudo perdemos e consideramos esterco, a fim de ganhar a Cristo” (cf. Fl 3, 8) e que é em Cristo, “realmente, que vivemos, nos movemos e existimos” (At 17, 28).
Tudo começou com um encontro. Tudo começou naquele dia em que verdadeiramente nos sentimos feridos por Jesus e em que nada nos fazia perder a coragem de avançar e seguir caminhos desconhecidos. Deus encantou-nos, falou-nos e fez-nos parar no caminho. A Sua voz atraiu-nos. Todos os sinais eram grandes e firmavam a certeza de querer abraçar a Luz que nos penetrou no peito. Sim, porque em Deus não existem sinais pequenos. Tudo é grande e belo. Não sabíamos o que nos esperava e, no entanto, até o absurdo cantava uma bela harmonia. Tudo tinha a nota da verdade. Sentíamos e sabíamos disso. Dissemos que sim. Decidimos que já não nos pertencíamos a nós mesmos. Estávamos enamorados. “Quando se está enamorado, fala-se ao próprio amor, e unicamente a ele. Em todo o lado, sempre”[9]. Vivíamos no Pentecostes. “O vento soprava onde queria e nós ouvíamos a sua voz, mas não sabíamos de onde vinha nem para onde ia” (cf. Jo 3, 8). E isto não nos fazia confusão.
O que acontece é que deixamos que a paralisia da normalidade[10], o trabalho, a fadiga e a nossa vontade teimosa, obscureçam o primeiro amor, o primeiro encanto, que nos levou a quebrar o passo e a sair do ritmo dos nossos pensamentos e projetos para nos transportar a um estado, a partir do qual se torna mais fácil levantar voo rumo Àquele, que nos amou quando ainda éramos pecadores (Rm 5, 8).
Pergunto: o que é feito do teu primeiro amor? E hoje, vivemos enamorados com a nossa consagração? Lembremo-nos que a nossa consagração tem matizes esponsais, “tornou-se amor de eleição. Amor que abrange a pessoa toda, alma e corpo, seja homem ou mulher, com o seu único e irrepetível eupessoal. E que as palavras do profeta Isaías que hoje o Senhor nos dirige parecem sigilar exatamente este amor, que é amor total e exclusivo: “Eu te resgatei – tu és meu”[11].
Ao estilo do mundo, coitados, não tivemos muita sorte. Somos uns infelizes que não conhecemos um amor correspondido. Ou então somos masoquistas por decidirmos perder um futuro de sucesso, poder e ter o seu próprio dinheiro. Ao estilo do mundo, espera-se o triunfo do forte, o sucesso do eficaz: “o herói é ainda, de muitas formas, o modelo para que olhamos na sociedade contemporânea […]. Todos sentimos que, na nossa geração, a nossa tarefa é fazer com que a história corra bem; isto significa que as histórias são contadas em torno dos heróis, e são-no para enaltecer as suas virtudes – porque, se o herói falhasse, tudo estaria perdido”[12]. Não andaremos nós, por vezes, ao estilo do mundo? Não andaremos nós a gastar energia por um status social? A tentar que a nossa história seja contada como se fossemos heróis? A compararmo-nos uns aos outros, dentro das próprias comunidades e entre congregações? O Papa Francisco, na sua viagem ao Egito, dizia que “a riqueza reside na diferença e na unicidade de cada um de nós. Compararmo-nos com aqueles que estão melhor, leva-nos frequentemente a cair no rancor; compararmo-nos com aqueles que estão pior, leva-nos muitas vezes a cair na soberba e na preguiça. Quem tende sempre a comparar-se com os outros, acaba por se paralisar”[13].
“O Salvador não é um Super-homem, mas este homem mostrado por Pilatos, um homem vulnerável, flagelado, que se tornou o escárnio, e que manifesta desde logo que a verdadeira grandeza, que a verdadeira vida não está na acumulação do ter, mas na oferta do ser; que a mais alta verdade não está num saber que domina, mas na incompreensível presença de um rosto”[14]. Não andaremos nós, ao estilo do mundo, a anunciar o Evangelho com a tentação descarada de, imagine-se, ter sucesso? Inventamos técnicas de marketing e cremos que “a evangelização se faz principalmente através da recuperação de meios mundanos, mudando Coca-Cola por Jesus Cristo. Encontraremos sempre um professor de teologia pastoral para explicar: «Se S. Paulo vivesse hoje, sem dúvida que utilizaria a internet e o Facebook para divulgar a mensagem.» Seja. Mas é isso o principal? E será o Evangelho uma «mensagem» a comunicar?”[15].
O Evangelho é uma Pessoa: Jesus Cristo. E Cristo não teve sucesso, não teve poder e a sua visibilidade nasce numa manjedoura. Aos olhos do mundo não foi herói. Morreu como um desgraçado, condenado ao maior suplício da época. Aos olhos do mundo, morre como maldito por Deus (cf. Dt 21, 22-23) e pelos homens. Cristo triunfa assim. Triunfa sem destruir. Triunfa não para impressionar, mas para resgatar. Triunfa como quem ama, não como quem impõe. É a este Cristo crucificado que depomos o nosso homem velho. É a partir deste amor até ao extremoespelhado na Cruz, que somos marcados e “consagrados por todos a Deus, como Sua propriedade exclusiva”[16]. É a partir deste doce lenho que nascemos para a vida nova da graça.
É neste sentido que pergunto: Não precisará a vida consagrada de um novo Pentecostes? Não precisarão as nossas comunidades de limpar o pó do cansaço e da rotina, do queixume e da preguiça? De decidirem romper com o supérfluo, para deixarem entrar o vento impetuoso, sinal da força, da vitalidade do Espírito, para deixarem que o sopro do Espírito dê vida àquilo que em nós ainda é morte?
ORAÇÃO
“Permanecei em mim” (Jo15, 4). É o pedido do Deus feito mendigo, de um Deus que se faz esperapara que também aqueles que Ele escolheu e separou para si, comecem a esperartudo d’Ele. Permanecer é habitar. É fazer de Cristo a nossa morada e deixar, simultaneamente, que Ele construa o Seu oratório em nós, onde Ele mesmo se recolhe em oração. Rezar é, então, permanecer mutuamente. “Duas presenças: Deus todo e a alma toda. Frente a frente, em amor mútuo. Em entrega mútua. Em espera mútua”[17]. Ser consagrado é isto mesmo: consagrar o coração todo ao Deus que povoa os recônditos mais escondidos do nosso ser.
Não se trata de conhecer coisas, de pesquisar muita coisa sobre o mistério de Deus. Trata-se de experimentar a beleza de um Deus incondicionalmente bom, de um Deus que nos recolhe sem exigências. Rezar é levantar o coração para o olhar deste Deus que tomba sobre nós. É erguer o olhar de si mesmo para a misericórdia que abraça a nossa fragilidade e o nosso pecado. Rezar é perceber que Cristo nos procura. É perceber que Cristo ergue o olhar no meio da multidão até nos encontrar, ainda que só toquemos na orla do Seu manto por nos sabermos tão frágeis e pecadores: “Quem me tocou?” (Mc 5, 30). Trata-se de experimentar que Jesus se inclina até ao chão da minha miséria para que eu O possa tocar (cf. Jo 8, 7). “Nada há a temer porque Jesus irá longe, bem longe para te procurar”[18]. A graça precede-nossempre, chega sempre antes. O amor já nos alcançou. Rezar é dizer sim a um amor que já existe. “Fomos comprados por um alto preço!” (1 Cor 6, 20). Ser consagrado é ser testemunha, na primeira pessoa, deste amor escandaloso de Deus, que nos penetra no mais íntimo da alma e nos faz compreender quem é Deus, como nos ama e quer ser amado[19]. Esta foi a experiência de São Francisco Marto que nos desafia a também nós, a enchermos de Cristo o nosso coração:“do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gostotanto de Deus! “Como é Deus! Não se pode dizer!”[20]. Este é o espelho mais claro daquele que livremente consagrou o seu coração: um coração que arde naquela luz que é Deus[21]. Não tem medo de chegar perto do coração de Cristo, porque sabe que só Ele o pode curar, sabe que quanto mais o seu coração estiver ferido, mas se dilata o terno convite de Jesus: “Vinde a mim, vós todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei” (Mt 11, 29).
Aquele que consagrou o coração a Deus, testemunha, em primeira mão que, na oração, a vergonha dá lugar à confiança, a tristeza da falta cometida à alegria do perdão incondicional, a queda ao reconhecimento da fidelidade de Deus. Rezar assim é saber-se amado, é gritar do fundo de si mesmo Kyrie eleison, faz-me graça, ó Deus, como gritou o cego de Jericó (cf. Mc 10, 47). “Rezar assim é dizer: transforma-me, Jesus, no teu tesouro”[22]. Apesar das minhas mãos vazias, da minha tela em branco,não deixo de pedir: transforma-me, Jesus, no teu tesouro.
Rezar assim, é próprio do consagrado que se deixa abençoar por Deus, abandonando-se como criança ao colo da mãe. Sabe que o seu “peso é o amor; onde quer que seja levado, é ele que o leva”[23].
O consagrado não pode deixar de rezar. Se isso acontece, como poderá saber o que é ser consagrado? Como poderá saber o que é esta alegria de pertencer exclusivamente a Deus? Não terá Deus direito de ter criaturas que pensam nele noite e dia? A fidelidade à oração é um combate diário que tem de ser travado com a força da vontade. Ouvia há pouco tempo um professor de filosofia dizer que “ninguém manda na nossa vontade. Nem Deus se impõe à nossa vontade e por isso se nós queremos, iremos fazê-lo contra tudo e contra todos”. Creio que este será um bom ponto de partida para enfrentar a luta por ser fiel à oração. Não podemos dar-nos ao luxo, como consagrados, de colocar em segundo plano aquilo que verdadeiramente faz de nós consagrados. Mais tarde ou mais cedo perdemo-nos. “Não somos nem carne nem peixe”[24]. Quanto mais o trabalho assaltar a vida do consagrado, mais ele tem de a preencher com a oração. Esta profunda proximidade ao Senhor, deve ser o elemento prioritário e caracterizador da nossa existência. Aliás, “da qualidade da nossa vida espiritual depende a fecundidade apostólica, a generosidade no amor pelos pobres, a própria atração vocacional sobre as novas gerações”[25]. Não esqueçamos que “a Igreja não cresce por proselitismo. Cresce por atração”[26]. E o que atrai é o testemunho alegre de pertencer ao Senhor e de ser reflexo da Sua luz. Caso contrário, como poderemos ser próximos ao jeito de Jesus e anunciá-lo a Ele se não somos próximos com Jesus?
“Os mosteiros são oásis em que Deus fala à humanidade”[27]. Os nossos conventos são faróis por onde Deus guia a humanidade. São também lugares onde a humanidade é levada a Deus tal como o Samaritano que colocou o homem ferido na sua montada; tal como aqueles homens que carregaram o paralítico no catre e o colocaram diante de Jesus. O texto diz que subiram ao teto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus (cf. Lc 5, 17-20). As figuras importantes ficam no meio. No meio da cena estão Jesus e o paralítico e não os homens que tiveram o trabalho de o levar. Para aqueles homens o mais importante era o paralítico que precisava de cura. Os homens que o carregaram, não reclamaram o reconhecimento do seu trabalho, não procuravam o protagonismo. Não se colocaram eles próprios no meio. Assim devemos ser nós, os consagrados, que oferecemos a vida toda e inteira por outros que são mais importantes que nós. Por uns que conhecemos, por outros que não. É belo ver rostos de irmãs que se cansam, que se esgotam sem nunca reclamar nada para si. São rostos fatigados pelo amor; são rostos alegres que levantam constantemente as mãos em gesto de prece e de oferta, próprio de quem sabe o que é verdadeiramente rezar.
VIDA FRATERNA EM COMUNIDADE
Todos os consagrados, no cumprimento do discipulado evangélico, se empenham a viver o «mandamento novo» do Senhor, amando-se uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34). O amor levou Cristo a fazer-Se dom até ao sacrifício supremo da Cruz. Também entre os seus discípulos não há unidade verdadeira sem este amor recíproco e incondicional, que exige disponibilidade para o serviço sem regatear energias, prontidão no acolhimento do outro tal como é, sem “o julgar” (cf. Mt 7,1-2) e capacidade de perdoar inclusive “setenta vezes sete” (Mt 18,22). A vida de comunidade é, de algum modo, espaço teologalpalpável, onde se pode experimentar a presença mística do Senhor ressuscitado (cf. Mt 18,20)[28].
Não será esta realidade uma autêntica Eucaristia? Não deveriam as nossas relações fraternas ser a Eucaristia da qual muitos poderiam comungar? Voltemos aos estatutos da Aliança, que nada mais é do que a lógica do dom de si até ao extremo. Sirvo-me do gesto do lava-pés que é, por excelência, gesto Eucarístico. Representa a mais radical forma de amar os outros: Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 35). O gesto de Jesus se baixar, de se ajoelhar diante dos discípulos é o sinal único da nova Aliança, consumada na Cruz, marca do novo mandamento do amor. O mesmo sucede na Eucaristia, na qual a comunhão plena, acontece quando nos tornamos dom com Jesus e como Jesus.
Aqui reside o núcleo fundamental das nossas relações comunitárias. Viver Eucaristicamente, que significa, dizer unido a Cristo “tomai e comei isto é o meu corpo entregue por vós; tomai e bebei isto é o meu Sangue derramado por vós” (Cf. Lc 22, 19-20) e realizá-lo verdadeiramente com os gestos e ações quotidianas. “É preciso que depois de termos dito aos irmãos ‘tomai e comei’ nos deixemos realmente ‘comer’ e nos deixemos comer sobretudo por aqueles que não o fazem com toda a delicadeza e cortesia que esperaríamos”[29].
Viver segundo esta lógica do dom total de si mesmo exige que,como Jesus, tiremos o manto. Tirar o manto dos nossos preconceitos e ideias. O manto do nosso orgulho, da nossa rigidez interior, da nossa dureza em não querer perdoar, o manto da nossa resistência que tantas vezes nos leva a criar juízos falsos, o manto da arrogância, resultado do nosso egoísmo que teima triunfar a todo o momento. “Não nos faz bem olhar com altivez, assumir o papel de juízes sem piedade, considerar os outros como indignos e pretender continuamente dar lições. Esta é uma forma subtil de violência”[30]. Viver assim, é fazer da Cruz um ornamento, uma fatalidade, e não aquilo que ela verdadeiramente representa: o estilhaçar da nossa egolatria, do nosso formalismo e da nossa aspereza, diante de um amor sem limites, sem medida, sem modo, disposto a ir até ao fim.
Ajoelhar diante do outro é o gesto de quem vive em comunidade, de quem partilha a vida, de quem olha como quem ama e quer resgatar, de quem abraça cada um daqueles que vive, como um dom imenso de Deus, consentindo que a fragilidade e os defeitos do outro o habitem, suportando-os em amor. Uns dizem que isto é utopia. Porém, viver “num só coração e numa só alma” (At 4,32) não só é possível como é um imperativo evangélico. Perdoarmo-nos mutuamente, suportarmo-nos uns aos outros, passar por cima de uma má disposição matinal e sorrir, dizer bom dia, não deixar que entre as nossas comunidades haja competição, não é isso sinal do Senhor Ressuscitado? Cultivar o espírito de família, fazer o propósito de não criticar os nossos irmãos, decidir dizer não aos ciúmes e inveja, não é isto a vida do Espírito? Não é isto a contemplação do Céu?
O santo não se busca. Sabe amar. Não gasta as suas energias a lamentar-se do que lhe acontece nem dos erros alheios, é capaz de aceitar com alegria a contradição e ir em frente; de guardar silêncio sobre os defeitos dos seus irmãos e evitar a violência verbal que destrói e maltrata, porque não se julga digno de ser duro com os outros[31]. Não podemos deixar que a prática do “desporto da lamentação”[32], da agitação e do ativismo obscureçam a beleza da nossa vida fraterna. “Quando alguém se perde pelos irmãos, encontra-se a si mesmo”[33]. Poderíamos perguntar: quantas vezes, em nome do trabalho, fugimos a uma relação comunitária mais difícil?
Sem dúvida que os problemas existem, são reais. Mas o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza (cf. Rm 8, 26). A própria fraqueza é, ela mesma, suscetível de ser ocasião privilegiada para experimentar a força do Espírito. O Papa Francisco diz que “alguns dizem que a vida consagrada é o paraíso na terra. Não. Talvez seja o purgatório! Mas é preciso ir em frente com alegria, ir em frente com júbilo”[34]. É belo ver consagrados que abraçam a lógica do Evangelho, que se dispõem a dar a vidaem sentido literal que, como o grão de trigo, sabem morrer para si mesmos, para que a partir da sua morte renasça a vida fraterna.
ALEGRIA
A alegria é própria dos simples, “dos que sabem comprometer o céu com a sua esperança”[35]. Assim são os santos. Já sem peso, esvaziados de si, para que Deus os ocupe. Ao jeito das crianças, deixam-se conduzir pelo Espírito da verdade e da vida. Alimentam-se do encontro com Cristo e tudo esperam d’Ele. A alegria é fruto disto, da comunhão com Ele, do facto de mantermos um vínculo tão vital com Ele, a ponto de sermos morada do Espírito Santo, totalmente plasmados pela obra de Deus[36], como a jovem de Nazaré que cedeu o primado da sua história a Deus. Em Maria contempla-se o que significa serespaço onde Deus pode habitar; em Maria, Deus exprime a alegria de ser radicalmente pobre de Si mesmo. Leve e despojada e, por isso, cheia de Deus. Desprendida e, por isso, alegre. Assim se desvenda o desejo mais claro de Deus para com aqueles que quis consagrar. No testemunho daquela que, por Ele mesmo, foi feita caminhopara Deus, notamos o que é o início do crepitar da chama que o Espírito acende em nós. Olhar para Maria é ver a realidade à qual somos chamados: a como Ela, “entrar na alegria do Senhor” (Mt 25, 21) e com Ela pedir ao Senhor para nos desfazermos das nossas riquezas e das nossas casas a fim de “morar na Sua casa, para saborear o seu encanto e ficar em vigília no seu templo” (cf. Sl 27, 4). Somente quando aqui habitamos nos transformamos em portadores de uma alegria capaz de contagiar e questionar.
O Espírito Santo conduz-nos ao mundo dos Ressuscitados, introduz-nos na alegria da Páscoa e acende em nós a beleza originária, a beleza do rosto no qual resplandece a glória do Pai (cf. 2 Cor 4, 6). Por isso, o rosto de qualquer consagrado deveria ser desenhado sempre com um sorriso. O sorriso tem ritmo pascal. É capaz de descalçar qualquer amargura ou mágoa. Tem o poder de destruir as nossas “caras de vinagre e de funeral”[37]quando estamos enclausurados nos nossos esquemas. Faz com que as vicissitudes e as sombras ganhem as tonalidades da leveza e da frescura própria do Espírito.Paulo escreve “alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” (Fl 4, 4) e fá-lo em cativeiro. Escreve, provavelmente, necessitado de algum conforto e bem-estar, todavia, não deixa que isso o torne isolado, centrado na sua dor ou injustiça. Sabe em quem pôs a sua esperança (cf. 2 Tm 1, 12). Sabe que “a alegria é não estar mais na sua própria casa, mas sempre fora”[38]. Sabe que Aquele que o parou na estrada para Damasco há-de realizar a obra que nele começou (Cf. Fl 1, 6). É isto que seduz. É isto que faz de nós “testemunho luminoso e anúncio eficaz”[39].
Não é bom ver consagrados acabrunhados, cabisbaixos e tristes. Ou então frustrados quando as circunstâncias traem as expetativas. Não é sinal do Espírito. Corremos o risco de nos tornar demasiado pesados, pelo trabalho, pela carga do apostolado ou pelo ativismo frenético. O modo como vivemos testemunha a bem-aventurança do Evangelho? Testemunhamos a vitalidade que deu corpo às nossas congregações e institutos? Será que somos testemunho da alegria do Evangelho? Daquela alegria de nada ter, daquela alegria sem cálculo, daquela alegria suave e simples que se preenche com o essencial, igual aos discípulos que se deixaram ocupar unicamente por Jesus: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (Act 3, 4)?
Cristo entrou uma só vez no Santuário, não com o sangue de carneiros ou de vitelos, mas com o seu próprio sangue, tendo obtido uma redenção eterna (cf. Heb 9,12). Ele é a vítima que se oferece a si mesmo realizando, pelo sacrifício do Seu Corpo e Sangue, a Nova e Eterna Aliança. Ser consagrado é ser isto mesmo: sinal desta Nova Aliança, pelo sacrifício total da sua vida. É querer abrigar-se na Cruz de Cristo para com Ele ser oferenda. É aceitar ser trigo caído para que a Vida Nova do Espírito ocupe os espaços vazios e turvos da humanidade. É erguer entre mãos a Luz e deixar-se na sombra dessa Luz, para poder ser reflexo dela. É aceitar ser liderado. “Em cada pessoa consagrada, de facto, é escolhido o “Israel” da nova e eterna Aliança. É todo o Povo messiânico, a Igreja inteira, que é eleita em todas e cada uma das pessoas que o Senhor escolhe no meio deste Povo”[40]. E o Espírito edificará a morada de Deus entre os homens em cada consagrado, em cada comunidade, em cada congregação e instituto. Segurado por Deus e unidos aos irmãos: eis o Pentecostes do consagrado e a fecundidade da sua vida. Uma oração encontrada, um pedido genuíno de que “todos sejam um” (Jo 17, 21), um amor de pequenos detalhes e uma submissão confiada e desarmada não como quem desiste, mas como quem ama.
Para além das vicissitudes, da escuridão, da noite e de todo o sofrimento que possamos viver, somos lançados por entre as divisões da humanidade pelo Espírito da Verdade, transformando as feridas de cada homem em claridade Pascal. A vida consagrada é algo de glorioso e magnífico e quantos mais delitos e horrores se derem, mais amor e bondade teremos de estender[41]como sinal da Páscoa. Assim é o consagrado. Esperançainteira capaz de devolver alento a outras vidas e alvoradaque rompe no sono de rostos perdidos no desassossego da agitação. Dá a sua vida. Oferece-a sem mais. O seu coração pertence ao Céu. E Deus olha e vê em cada um, o ramo de amendoeira que floresce em pleno inverno. Vê aquele que por Ele e pelo mundo sacrificaram tudo; vê “aqueles que vêm da grande tribulação; que lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e servem-no, noite e dia, no seu santuário, e o que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais passarão fome nem sede; nem o sol nem o calor ardente cairão sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e conduzirá às fontes de água viva; e Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos” (Ap 7, 14-17).
[1]PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vita Consecrata, n.º 19.
[2]PAPA FRANCISCO, Homilia da Solenidade da Apresentação do Senhor in https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2018/documents/papa-francesco_20180202_omelia-vita-consacrata.html, acedido a 14/05/18, 21:20.
[3]PAPA FRANCISCO, Homilia da Solenidade da Apresentação do Senhor in http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2015/documents/papa-francesco_20150202_omelia-vita-consacrata.htmlacedido a 27/11/2017, 10:10.
[4]Cf. PAPA BENTO XVI in
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2013/documents/hf_ben-xvi_aud_20130102.htmlacedido a 23/05/2018, 21:30.
[5]RANIERO CANTALAMESSA, Vem Espírito Criador, Ed. A.O., Braga, 2009, 164.
[6]LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, Secretariado dos Pastorinhos, Fátima, 200713, 56.
[7]PAPA FRANCISCO, Homilia da Santa Missa com o rito da Canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Martoin http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2017/documents/papa-francesco_20170513_omelia-pellegrinaggio-fatima.htmlacedido a 27/11/2017, 10:05.
[8]PAPA BENTO XVI, Discurso aos superiores e às superioras gerais dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica,inhttps://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2006/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20060522_vita-consacrata.htmlacedido a 12/05/2018, 19:16.
[9]BOBIN, Christian, Francisco e o pequenino, A.O., Braga, 2013, 94.
[10]PAPA FRANCISCO, Homilia da Solenidade da Apresentação do Senhorin https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2018/documents/papa-francesco_20180202_omelia-vita-consacrata.html, acedido a 15/05/18, 17:45.
[11]Cf. PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Redemptionis Donum, n.º 7.8.
[12]SAMUEL WELLS – Stanley Hauerwas, “Theological Ethics”, in Rupert Shortt (ed.), God’s advocates. Christian thinkers in conversation, Darton, Longman and Todd, London 2005, 180.
[13]PAPA FRANCISCO,Encontro de oração com o clero, religiosos e seminaristasin https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/april/documents/papa-francesco_20170429_egitto-clero.html, acedido a 15/05/18, 18:30.
[14]FABRICE HADJADJ, “L’importance et le rôle des valeurs évangéliques dans la culture d’aujourd’hui” in http://www.fondationjeanpaul2.fr/userfiles/downloads/maj06043013/Pr_F_Hadjadj.pdf, acedido a 21/05/2018, 10:25.
[15]Cf. FABRICE HADJADJ, “La conversion missionaire: sortir de soi-même pour se laisser provoquer par les signes des temps”, in http://www.laici.va/content/laici/en/blog/Hadjaj_congresso_movimenti.html, acedido a 22/05/2018, 16:45.
[16]Cf. PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Redemptionis Donum, n.º 8.
[17]MARIA ÁUREA FERREIRA SOARES, fundadora da congregação Aliança de Santa Maria.
[18]TERESA DO MENINO JESUS, Obras completas, Ed. Carmelo, Marco de Canaveses, 1996, CT 211, 584.
[19]Cf. LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, 170.
[20]Cf. LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, 141.145.
[21]Cf. LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, 145.
[22]Cf. S. TERRIEN, The psalms, cit, in ANTÓNIO COUTO, A misericóridia lugar e modo, mínima theologica, Santa Maria da Feira, 2016, 25.
[23]SANTO AGOSTINHO, Confissões, XIII, 9, 10.
[24]PAPA FRANCISCO, Encontro de oração com o clero, religiosos e seminaristasin https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/april/documents/papa-francesco_20170429_egitto-clero.html, acedido a 12/05/18, 14:20.
[25]PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vida Consagrada, n.º 93.
[26]PAPA FRANCISCO, discurso aos catequistas vindos a Roma em peregrinação por ocasião do ano da fé́ in https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/september/documents/papa-francesco_20130927_pellegrinaggio-catechisti.pdf, acedido a 18/05/18, 9:45.
[27]Cf. PAPA BENTO XVI, A oração cristã, Ed. Franciscana, Braga, 2012, 49.
[28]Cf. PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vita Consegrata, n.º 42.
[29]RANIERO CANTALAMESSA, A Eucaristia, nossa santificação, Paulus, Lisboa, 20092, 32.
[30]Cf. PAPA FRANCISCO, Exortação Apostólica Gaudate e Exsultate, n.º 117.
[31]Cf. PAPA FRANCISCO, Exortação Apostólica Gaudate e Exsultate,n.º 116.
[32]PAPA FRANCISCO, https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/july/documents/papa-francesco_20130706_incontro-seminaristi.html, acedido a 21/05/18, 15:28.
[33]Cf. CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA, Vida Fraterna em comunidade, n.º 24.
[34]PAPA FRANCISCO, Discurso aos participantes no encontro dos formadores da vida consagrada, in https://www.cmis-int.org/pt-br/discurso-do-papa-francisco-aos-participantes-no-encontro-dos-formadores-da-vida-consagrada-11-de-abril-de-2015-roma/acedido a 23/05/2018, 22:00.
[35]MARIA ÁUREA FERREIRA SOARES, fundadora da congregação Aliança de Santa Maria.
[36]Cf. PAPA BENTO XVI, Virgem Maria. Ícone da fé obediente, in http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2012/documents/hf_ben-xvi_aud_20121219.html, acedido a 21/05/2017, 15:40.
[37]PAPA FRANCISCO, Exortação ApostólicaEvangelii Gaudium, nº 10 e 85.
[38]Cf. BOBIN, Christian, Francisco e o pequenino, 104.
[39]Cf. PAPA FRANCISCO, Exortação apostólica Evangelli Gaudium, n.º 47.
[40]Cf. PAPA JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Redemptionis Donum, n.º 8.
[41]Cf. ETTY HILLESUM, Cartas,Assirio e alvim, lisboa, 2009, 154.
Ir. Marta Mendes ASM