“Um dia, a caminho da Cova da Iria, fomos surpreendidos por um
grupo de gente que, para nos verem e ouvirem melhor, puseram a
Jacinta comigo em cima de uma parede. O Francisco recusou deixar-se
colocar lá em cima, como se tivesse medo de cair. Depois, encostou-se
a um muro que estava em frente. Uma pobre mulher e um rapaz, ao
verem que não conseguiam falar-nos, foram ajoelhar-se diante dele,
a pedir-lhe uma graça. O Francisco ajoelha[-se] também, e pergunta
se querem rezar com ele o terço. Dizem que sim e começam a rezar;
dentro em pouco, toda aquela gente, deixando-se de perguntas curiosas,
está também de joelhos a rezar.”
(Quarta Memória da Irmã Lúcia)
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O Francisco com medo de cair?! Não, o Francisco, que gostava de saltar os montes atrás
das suas ovelhas, não tinha medo de cair.
Não se trata de medo, mas de pequenez, da humildade do coração: O Francisco não queria
alturas que não lhe pertenciam, pois aceitava com simplicidade a sua condição, não se
mostrando perturbado pelo que não conseguia ter. Sabemos como, de entre os três Pastorinhos,
ele era o único que não conseguia ouvir Nossa Senhora e o Anjo. Mas isto não o perturbava.
Parecia reconhecer e aceitar a verdade de si mesmo! Por isso, é este o lugar que ele deseja e
escolhe: estar “em baixo” e não “lá em cima”, caminhar com realismo no chão que vai pisando,
numa aceitação serena de si mesmo e da missão que o Senhor lhe confia.
É a partir do seu lugar, da sua natureza e condição, que ele se torna um polo de atração. Não
busca atenções para si mesmo, mas aponta para Deus, para a intimidade da oração.
Ir. Ângela Coelho, asm