25 anos de Vida Consagrada
Ir. Ângela de Fátima
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Gratidão por 25 anos de história da fidelidade de Deus para comigo
16 de julho de 1995
Antes de entrar na comunidade que me acolheria, o Farol do Anjo, em Fátima, fui, com a minha família, à Capelinha das Aparições.
Envolvida como estava, num misto de sentimentos de angústia e alegria, de saudade e expectativa, não ouvi. Foi o meu irmão quem me indicou a escuta.
“Ouve!”, disse. Prestei atenção. Tocavam os sinos do Santuário. Era o meio-dia.
Vinte e cinco anos mais tarde recordo esse momento e vejo-o como uma metáfora do desejo mais profundo que o Espírito Santo semeou no meu coração: viver a minha vida ao ritmo do tempo de Fátima. Seguir Jesus acompanhada pelo Coração Imaculado de Maria, difundindo a mensagem que, de Fátima, irradia para o mundo. Um desejo totalmente modelado pelo carisma da minha família religiosa, a Aliança de Santa Maria.
Ao longo destes anos aprendi a conhecer o rosto de Deus ao ritmo das Ave-Marias do meu terço, aprendi a conhecer o Coração de Jesus através da Sua Palavra, “atando os cabos” da minha vida ao Verbo contemplado em cada dia. Aprendi a entregar-me às irmãs, alimentando-me da Eucaristia, celebrada e adorada em tantas horas de silêncio.
As missões que o Senhor me confiou, através das minhas superioras, foram uma fonte de alegria, ainda que repletas de desafios. Com que comoção recordo o privilégio de participar do crescimento humano e espiritual das noviças que me foram confiadas. Que júbilo e que dia luminoso o da canonização dos Santos Francisco e Jacinta. Que entusiasmo com a causa da Irmã Lúcia, que caminha no seu processo de canonização.
Conheci e senti as minhas fragilidades, mas experimentei, com toda a beleza, a fidelidade do Deus da Aliança, o Bom Pastor que nunca me largou a mão.
16 de julho de 2020
Quando começou este ano, decidi nada pedir ao Senhor. Pretendia apenas acolher tudo como um presente Seu, para o nosso jubileu de prata.
Concedeu-me um tempo especial de solidão e silêncio. Com a pandemia “conduziu-me ao deserto e falou-me ao coração” (cf. Os 2,16).
Confiou-me um tempo de profunda vivência do mistério pascal. Com a morte da nossa irmã Marta aprendi, de um jeito novo, a humilde lição da pobreza e do abandono nas mãos de Deus. E reaprendi a paz que nasce ao rezar, lentamente, “Deus providenciará” (Gn 22,8).
25 anos depois, ao ritmo do tempo de Fátima, só desejo dizer sim quero. O que Tu queres, Senhor, como Tu queres, quando Tu quiseres!
Fica a gratidão. Ao Senhor da minha Vida por me ter dado a Sua Mãe; à minha família, onde sou amada e com quem aprendi a amar; às mulheres que me fizeram apaixonar por Jesus e pela “Senhora mais brilhante do que o Sol”: a Áurea e a Clara; aos amigos que o são, em todas as horas; às minhas irmãs em Aliança, que são expressão do amor e do cuidado de Deus para comigo e me ajudam a crescer. Todos possibilitaram a beleza prateada deste jubileu.
Ângela de Fátima Coelho, julho de 2020.