Disseste que eras, já, Aquele que vem.

PALAVRA versus SILÊNCIO IX

um poema a cada dia vinte e um.

21 de novembro de 2021

No próximo Domingo iniciaremos a nossa caminhada de Advento. Neste tempo da esperança, somos convidados a aprender e a atualizar a Espera da História da Salvação – Promessa, Aliança, Cumprimento – na nossa própria história, em cada Hora vivida em Deus.

Disseste que eras, já, Aquele que vem
e eu sou Espera onde te alcanço.
Feita pó que se descobre nas tuas mãos,
feita tempo que corre no teu vagar,
como pedra sulcada na pressa das tuas águas.

Praia de areias atravessadas,
pelo olhar cheio de céu e de espanto.
Monte que sonha a Aliança,
onde reinas, para que eu seja o que tu és em mim.

Saio no vendaval para ouvir o teu silêncio
e brinco impaciente diante do teu Amor.
Dou voltas no desejo com que gravas o meu caminho:
como brechas abertas na terra,
que anseia e é já torrente.
Mesmo na lonjura sei-te,
Árvore apenas despida do fruto,
Que vive já em flor.

Disseste que eras, já, Aquele que vem.
Carne do mundo, nova no peito.
Resto da esperança dos pobres.
Promessa bela
no Ventre.
Gruta dos simples,
que guarda feliz o Coração que acreditou.

Espero-te,
nos olhos incansáveis diante da demora,
nessa luz que cega e guarda a tua certeza,
como fogo que será azeite para o banquete.
E procuro-te,
como pássaro que desce,
para poisar nos ramos que são semente.
Oh admirável Reino!
De pão e vinho construído!
Céu aberto, pés que beijo,
passagem feita minha,
no lenho silencioso em que te abraço e é Hoje paraíso.
Saudade, onde és vida em mim,
na Alegria que paira.

Estás perto na tua ausência e dançamos já eternamente.
“Vem, Senhor Jesus!”

Poema Margarida Santos, asm
Voz de Filomena Sousa

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