Palavra versus Silêncio III
um poema a cada dia vinte e um.
21 de maio de 2021
Viver o dom da vida, é deixar-me ser olhada por Deus e deixar que Ele diga quem sou, na criança-filha de Deus, que aprendeu a crescer e a conhecê-lo sob olhar do Crucificado. A Sua fidelidade, torna-me criança, por isso, na peregrinação da vida, chamo por Ele, reúno tudo o que há em mim e no silêncio da Paixão da Vida, aprendo a viver em ação de graças em cada instante n’Aquele que me faz tomar parte na Sua vida, da sua santidade.
Por isso, como o Apóstolo Paulo, não cesso de “com alegria; dar graças ao Pai, que nos tornou capazes de tomar parte na herança dos santos na luz” (Cl1,12), pedindo o bastante, o pão de cada dia no diálogo escondido com o Pai.
Em cada instante graças Te dou!
Tu que me olhaste no Teu pensamento,
No silêncio do tálamo nupcial
Uma vida nasceu.
E me geraste na palavra
Quando o meu nome pronunciaste
E o corpo me deste.
Conhecida na eternidade
E dada a conhecer no tempo…
Vida de uma frágil criança
Que o Teu nome aprendeu a balbuciar
No regaço de sua mãe
Quando no príncipio Te contemplava
Mesmo desconhecendo-Te…
A cruz,
Lugar onde os nossos olhares
Se cruzaram e mais se conheceram.
E sob esse olhar
O Teu dom foi crescendo em mim
Na paixão de um amor maior.
Na Tua fidelidade a minha pequenez.
Chamo por Ti
Reúno os destroços e as minhas ruínas
tomo-os nas mãos como dom
peregrina no silêncio da Paixão da Vida
Em cada instante
Graças Te dou!
Ensinas-me a ser forasteira
A percorrer caminhos nunca antes imaginados
Pedindo o bastante: o pão de cada dia
No diálogo escondido com o Pai.
Trago em mim
Esse dom tão frágil e único:
vida na Vida
porque me trazes em Ti também.
Subamos juntos
A calçada da minha fragilidade.
Faz-me Tua memória
Nos mais pequenos gestos.
Faz-me tua cúmplice
Porque em mim nada é fora de Ti
E a vida que tenho, é Tua.
Sofia Mendes, asm