REZAR COM AS MÃOS II

COR-ação essencial

No Evangelho, Jesus recorda-nos que para sermos “grandes” temos que nos tornar como as crianças. Escrevia Fernando Pessoa: “para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui”. Quando olhamos para uma criança nas suas atividades ou brincadeiras, vemos tanta inteireza nas suas emoções. A criança se está triste ou se se magoa, chora… e chora com simplicidade, não fica a pensar no que é que os outros possam estar a pensar dela. Por outro lado, se ri, mostra a sua felicidade como pode. Por vezes aos “saltinhos” sem conseguir controlar tanta alegria pela surpresa que lhe foi causada. A criança é!

Nesta imagem podemos ver duas personagens que se deixam contagiar mutuamente pelos mesmos sentimentos. Hoje em dia, esta é uma tarefa muito difícil. Impomo-nos a nós mesmos certas normas para não sairmos do dito padrão “cordial” que a sociedade nos impõe e vamos aos poucos endurecendo o coração, não nos permitindo sentir o que o nosso próximo sente.

Talvez seja por isso que Jesus nos pede que sejamos como as crianças.

Intitulo este desenho de COR-ação, precisamente porque há uma necessidade urgente no mundo de que cada um de nós ponha o seu coração em ação, não numa ação qualquer, mas na ação essencial, capaz de transformar corações, de unir distâncias, ainda que físicas. Porque desta vida, a maior lição que levamos é o amor.

Recordo-me, enquanto desenhava, de bons momentos, únicos, vividos com as crianças, onde elas simplesmente, quando são surpreendidas pela presença daqueles a quem amam, se lançam a correr para o seu colo e não olham aos obstáculos que possam ter no caminho. Lançam-se porque confiam!

Nesta imagem, a figura da criança faz-me rezar como deve ser a nossa atitude. A criança porque ama e confia na pessoa que está ao lado, deixa-se tocar, deixa-se amar porque sabe que não lhe vai fazer mal. A nossa relação com Jesus também deve ser assim, deixarmos que Ele nos toque e nos transforme no seu amor porque Ele é fiel. É a grande Ação Essencial. Já dizia o Principezinho que “o essencial é invisível aos olhos” e sim, o abandonar o nosso coração nas mãos de Deus é perceber o essencial batimento do próprio coração, que pulsa pelo som que lhe dá a vida. E isso não se vê com um olhar exterior, mas com a perspicácia própria do coração que ama, que acabará por deixar transparecer no seu olhar límpido e genuíno, até que a marca das Suas mãos seja tatuada no nosso ser.

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