Um grão de mostarda foi deitado à terra

«É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem…»
(Mc 4, 31-32)

Naquele dia 2 de fevereiro, um grão de mostarda foi deitado à terra. Poucos o viram cair, era demasiado pequeno, mas, os que o viram, adivinharam que seria uma grande planta. Um grupo de senhoras, numa missa privada, com corações a arder de desejo de Deus, sentiram esse apelo à unidade, a ser o Corpo de Jesus sobre esta Terra, nos inícios dos anos 60, quando uma verdadeira revolução estava a eclodir a tantos níveis.

Era como um grão de mostarda, “a mais pequena de todas as sementes que existem”, mas trazia escondida a força de um carisma. Era esse mesmo carisma em potência que, mais tarde, se encontraria com a Mensagem de Fátima e com a vida dos Santos Pastorinhos, para depois dar origem àquilo que é hoje a Aliança de Santa Maria.

Santa Jacinta marca, com o sangue, um outro dia desse mês: 20 de fevereiro, dia da sua morte. A sua vida, e a do seu irmão, São Francisco Marto, apontam-nos um caminho seguro de seguimento de Jesus. Há que se ser pequenino, confiado nas mãos de Deus e de Nossa Senhora, e entrar naquela Luz que é Deus, sem medo e sem reservas. Eles, porque amaram sem medida, “permaneceram na Luz” (1 Jo 2, 10) e tornaram-se candeias. Em Aliança, move-nos também este desejo de permanecer na Luz, pelo amor, que se traduz diariamente na nossa vida de oração, diante de Jesus Escondido e contando as contas do Rosário, na vida comunitária e no trabalho apostólico.

Em cada dia 2 de fevereiro, celebramos este dom da Aliança e o dom da vida consagrada. A vida consagrada, dizia-nos o Papa Francisco, “se permanecer firme no amor do Senhor, vê a beleza” [1]. Firmes no amor, todos os consagrados, poderão ver a árvore bela da fidelidade, sustentada pelas raízes da pobreza, da castidade e da obediência e erguida ao alto pelo tronco forte da vida fraterna, ou, para nós, da unidade. Consagradas ao Senhor, ao jeito dos Pastorinhos, anunciamos o Céu, a Ressurreição, a Luz e, por isso mesmo, também sofremos e gritamos que “o Amor não é amado”[2].

Pelas mãos graciosas da Virgem Mãe, os consagrados são apresentados ao Senhor, em favor da Humanidade. Ela que, no dia da Apresentação de Jesus, se alegrava pela Luz que se revelava às nações e sofria pelo anúncio da espada que trespassaria o seu coração (cf. Lc 2, 32.35).

O grão de mostarda foi deitado à terra e a nós cabe-nos a entrega de nós mesmas, dia após dia, para que o Senhor e a Mãe possam fazer surgir, a partir daquele dom, essa árvore grande onde outros se possam abrigar.

2 de fevereiro de 2022
 

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[1] PAPA FRANCISCO, Homilia na Festa da Apresentação do Senhor do XXIV Dia Mundial da Vida Consagrada, Roma, 1 de fevereiro de 2020; fonte: https://www.vatican.va/.

[2] Cf. IGNACIO LARRAÑAGA, O irmão de Assis, Editora Paulinas, Prior Velho, 2013, p. 162.

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