OS SANTOS QUISERAM… E NÓS, QUEREMOS?

A Igreja celebra, hoje, a festa da Virgem Santa Maria do Rosário de Fátima. Com júbilo, fazemos memória da primeira aparição da Virgem Mãe aos três pastorinhos, na Cova da Iria.

Como não recordar este dia como fundamento da vida espiritual que os Pastorinhos construíram sobre a rocha, que é Cristo Jesus? Como não lembrar que neste dia, à pergunta da Senhora, “Quereis oferecer-vos a Deus?”, eles responderam “Sim, queremos”?

Precisamente por isto, deixaremos que Francisco e Jacinta nos falem, assinalando três imagens que ilustrem o seu caminho de discipulado!

FORAM TERRAS DE UM MESMO SEMEADOR

Francisco e Jacinta foram canonizados ao mesmo tempo, num único processo. Ambos viram Nossa Senhora; como irmãos, receberam a mesma educação e valores. Contudo, conhecemo-los diferentes, com experiências espirituais únicas, com uma forma própria de rezar, de se relacionarem com os outros e com a criação.

Eram terras eleitas de um mesmo Semeador. Convocados à santidade, no dia do Batismo, receberam as sementes da vida nova em Cristo. Acolheram-nas em seus carateres e personalidades, modos de ver e agir, nas suas histórias já marcadas de expectativas, alegrias e dores. 

Deixaram-se plantar e gerar na sua sensibilidade, tornando-se memórias viventes e originais de Cristo: Francisco na sua dimensão contemplativa[1], Jacinta no seu ardor apostólico [2]. E o que daí nasceu tornou-se dom para a Igreja, para os homens, para nós. 

FORAM RAMOS PODADOS

Se é verdade que as sementes cresceram nas suas vidas, não é menos verdade que, tanto um como outro, passaram pelo nobre caminho da conversão. Não referimos conversão para indicar um processo sombrio, pesado e doloroso, mas para dizer o indispensável processo da PODA! 

Mas para quê a poda? Para que as árvores se tornem cepos sequinhos sem beleza alguma? Um agricultor, sem embaraço, diria que a poda serve para tornar robusto! 

A conversão é condição de ser discípulo. Também os Pastorinhos a desejaram ardentemente! “Mas eu, ainda que não morresse, nunca mais os [pecados] tornava a fazer. Agora estou arrependido”[3], dizia o Francisco. Arrependidos e à Luz de Deus, que das mãos da Mãe lhes vinha e lhes fez perceber como eram amados, aprenderam a abandonar os seus galhos velhos, as suas más tendências, os seus amuos e preguiças, para que pudessem permanecer mais fortes na fé, na esperança e na caridade.

DERAM BONS FRUTOS

Foram como que terras plantadas, desejaram a conversão- aquela poda que talha o que não serve para o Reino, a fim de levar a árvore ao seu máximo vigor- e deram frutos! Muitos frutos! Porque unidos ao Senhor. 

A sua fé tornou-se incarnada, vivendo o extraordinário no ordinário e banal do quotidiano. 

Sobretudo, aprenderam a dar de graça o que de graça receberam! De Francisco, conta-se que se sentia, entrando no seu quarto, o mesmo que ao entrar numa igreja. Francisco, que passou horas junto do sacrário, dava o que de Jesus recebia: a Sua íntima presença. O mesmo poderíamos dizer de Jacinta que contemplando, num santinho, Jesus, Bom Pastor, se ofereceu incansavelmente para que todos os homens fossem reunidos no mesmo redil: “Pois vou [para o Céu], mas eu queria que toda aquela gente para lá fosse também!”. [4] 

Que hoje, com os Pastorinhos possamos crescer no desejo de fundar a nossa vida em Jesus: como terras fecundas que recebem a sua Palavra e como ramos que desejam ardentemente a poda para dar fruto, queiramos unir a nossa voz às suas, dizendo: Sim, também nós queremos oferecer-nos a Deus.

[1] Para aprofundar a espiritualidade de Francisco Marto pode ler-se https://pastorinhos.com/fundacao/acerca-do-francisco/espiritualidade
[2] Para aprofundar a espiritualidade de Jacinta Marto pode ler-se https://pastorinhos.com/fundacao/acerca-da-jacinta/espiritualidade .
[3] LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, 163.
[4] LÚCIA DE JESUS, Memórias da Irmã Lúcia I, 124.

Verónica Benedito, asm

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