Um Templo Vivo de Deus

Santa Isabel da Trindade

Isabel da Trindade é uma vida que, para muitos de nós, permanece desconhecida.

A sua vida, enquanto carmelita, não teve a mesma projeção mediática que uma Santa Teresinha do Menino Jesus, ou uma Santa Teresa de Jesus e, no entanto, apesar de uma curta vida, Santa Isabel da Trindade pode ser um modelo de caminho rumo à santidade que se estende não apenas ao âmbito dos religiosos, mas que toca a cada cristão na sua relação pessoal com Deus.

“Encontrei o meu Céu na terra, porque o Céu é Deus e Deus é a minha alma”.

Santa Isabel da Trindade nasceu e cresceu com o nome de Isabel Catez, em Dijon, França. Dotada de um génio irascível, teimoso e, com frequência, barulhento, previa-se que Isabel Catez crescesse como mulher de difícil trato. No entanto, logo após a sua primeira comunhão numa primeira visita ao Carmelo, aclara-se, para Isabel, o sentido profundo do seu nome, que terá acolhido como vocação: ser “Templo de Deus”.

A partir de então, Isabel descobre-se a si mesma, com frequência, na oração, na contemplação de Deus-Trindade que habita o seu coração, a sua alma. Começa um caminho de conversão interior através de um suave auto controle das suas emoções e reações que aprendeu a submeter a Deus com amor e por amor.  A compreensão de ser “Casa de Deus”, onde habita o Deus Vivo que tudo preenche com a Sua Presença, conduziu Isabel a um desejo de enfrentar a vida com simplicidade e em Unidade à Trindade.

Por imposição da sua mãe, Isabel só terá entrado no Carmelo aos 21 anos. Ainda assim, por entre uma vida social preenchida por festas, saraus de música — era uma excelente pianista — e vaidades, a adolescente e jovem Isabel, pela oração e ascese pessoal, vai crescendo em intimidade com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, isto é, construindo, assim, o seu “Claustro” de intimidade com Deus no interior da sua vida, no mais profundo da sua alma.

Já após a sua entrada no Carmelo de Dijon, Santa Isabel da Trindade deixou-se penetrar pela força das palavras de S. Paulo que traduziam o excesso do amor de Deus.

Na confiança no amor a Deus e no abandono à sua Divina Vontade, a transformação da sua alma, tão desejada por si mesma, conduziu-a à adoração e ao louvor que se manifestou num simples movimento de amor em resposta ao excesso de amor de Deus que nos espera.

De facto, acreditava que o “novo nome” dado pelo Céu Laudem Gloriae (louvor da Glória) consiste em deixar-se envolver no amor da Trindade – em acolher o Pai, o Filho e o Espírito Santo como seio do amor eterno e, simultaneamente, a verdadeira casa, o lugar ao qual pertencemos e no qual permanecemos. Tal relação com a Trindade exige de cada um a profunda consciência do propósito para o qual se é criado: acolher o “excesso do amor” do amor de Deus que nos amou “por demais” em Seu Filho Jesus, e assim, deixar que Deus realize plenamente o seu desejo de nos amar.

Conhecer um pouco mais Isabel da Trindade é conhecer um testemunho vivo da perfeita ação da Graça de Deus que ama, que parte ao encontro e se dá a conhecer em Jesus, Sua Palavra, que o Pai continuamente oferece e envia aos corações pelo fogo do Espírito Santo.

Eis aqui uma vida suscitada pela ação de Deus e que nos ensina a reconhecer que todas as realidades da vida são manifestação da bondade de Deus, sacramento da Sua Presença e o tempo é Eternidade que começa já aqui.

Isabel Santos, asm

[Isabel da Trindade aos 15 anos]

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