As aparições | a par e passo | 13 de junho em Tuy

Continuamos com a nossa rubrica “A par e passo”.
Uma proposta para nos ajudar a entrar no coração de cada aparição da Mensagem de Fátima.

Neste mês de junho aqui vos deixamos com a segunda reflexão deste dia, da Ir. Margarida, que nos oferece uma leitura sobre a aparição da Santíssima Trindade e Nossa Senhora em Tuy, no ano de 1929.

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Até ao Coração da Trindade |
Sobre a aparição em Tuy, 13 de junho de 1929

A aparição à Irmã Lúcia no dia 13 de junho de 1929, na capela da casa de Tuy das Irmãs Doroteias, dá-se num momento de adoração, em que “a única luz era a da lâmpada” – como nos narra o livro do Apocalipse sobre a Cidade Santa, que “tão pouco necessita de Sol nem de Lua para a iluminar; pois a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap, 21, 23).

A luz, sempre a luz, que em Fátima não podia deixar de brilhar. A luz, trazida pelo brilho do Anjo e pelas mãos da Senhora, brilha agora naquela “Cruz de luz”, na “face de homem com corpo até à cinta” e na “pomba”, como que a mostrar a fonte de onde jorrava toda a luz que tinha chegado antes e que era Deus Trindade; que tinha misteriosamente inundado a vida de Lúcia, Francisco e Jacinta, sem se deixar ver diretamente.

No início, Lúcia rezava “prostrada, as orações do Anjo”. No final, a última palavra da Senhora é este imperativo: “ora”. A oração é moldura da vida em Deus, primeira e última palavra. Em 1916, depois do convite do Anjo a não temer, o primeiro empenho é a oração: “Orai comigo”. Agora, em Tuy, não por acaso, a Irmã Lúcia repete os gestos e as orações do Anjo e escuta novamente o imperativo a orar.

De facto, com maior exatidão, as últimas palavras da Mensagem de Fátima não são apenas “Graça e Misericórdia”, mas são as palavras de Nossa Senhora, quando diz que “É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união, com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora”.

Consagração, reparação, sacrifício e oração. São estas as últimas, últimas mesmo, palavras de Fátima, ao jeito de mandamento último, que a Mãe nos deixa.

E ao centro da oração encontramos a cruz. A cruz que nos é apresentada acompanhada de uma “legenda”: braço direito e braço esquerdo, em espelho. À direita Nossa Senhora “com o Seu Imaculado Coração na mão”. À esquerda as palavras “Graça e Misericórdia”. É imagem que mais parece reflexo, como que a dizer o mesmo, com palavras e sem palavras: Graça e Misericórdia, Coração Imaculado… Ou seja: mistério da Cruz, mistério de Amor, manifestação máxima da graça e da misericórdia, através e dentro do Coração de Maria.

Em Tuy, contemplamos o Coração Imaculado de Maria como centro da Mensagem de Fátima, dentro dos braços do centro maior e único que é Cristo. Cristo que quis as aparições e que quer a devoção ao Coração de sua Mãe. Coração que, ao centro da aparição, coincide com a Trindade, como símbolo que a torna presente no mundo como partilha de amor, como esplendor de misericórdia.

Ao fim, acolhemos o convite a uma vida verdadeiramente trinitária, uma vida consagrada ao Coração de Maria, que nos conduz ao Coração da Trindade, com a cruz de Cristo ao centro, dentro da nossa oferta em oração.

Margarida Santos, asm

foto: Rui Silva sj

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