As aparições | a par e passo | 13 setembro 1917

Continuamos com a nossa rubrica “A par e passo”.
Uma proposta para nos ajudar a entrar no coração de cada aparição da Mensagem de Fátima.

Para este mês de setembro trazemos uma reflexão, sobre a terceira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos na Cova de Iria.
Deixemo-nos acompanhar pelas palavras da Ir. Ana Felício, que nos oferece uma leitura a partir de dentro e por dentro desta aparição.

***

  1. O mundo das insignificâncias ou a vida oculta de Fátima

A aparição de setembro começa com pequenos sinais. As testemunhas que estavam em Fátima naquele dia falam de «uma chuva de rosas brancas», em que «as minúsculas pétalas brancas desciam muito lentamente para o solo, acompanhadas por um feixe de luz misteriosa, vinda do alto»[1]. Outras pessoas diziam «serem estrelas»[2].

Coisas tão pequenas… Coisas insignificantes… que nem sequer são essenciais na Mensagem, nem estão escritas nas Memórias da Irmã Lúcia. Mas estes pequenos sinais são já uma forma que Deus usa para se comunicar nesta aparição. Na Sagrada Escritura, é assim que Deus comunica com os homens. Não usa apenas a comunicação verbal, mostra-se na história por meio de sinais.

Isto fala tanto da nossa vida. Não só daquilo que vamos percebendo que Deus nos dá como Seu sinal, mas aquilo que compõe os nossos dias. De facto, a nossa vida está cheia destas insignificâncias, que nunca serão escritas, como esta vida oculta da Mensagem de Fátima: coisas que aconteceram e ninguém sabe.

Também Jesus teve a sua vida oculta. 30 anos em 33 corresponde a 91%. Talvez mais de 91% da nossa vida seja vida oculta… Tanto da nossa vida é trabalho tão escondido, tão “insignificante”. Mas quanto essas insignificâncias não estão carregadas de sinal de Deus para nós?

  • A voz dos profetas ou a alegria de Deus

Naquele dia 13 de setembro, «as estradas estavam apinhadas de gente. Todos queriam ver e falar [com os pastorinhos]… Vinham prostrar-se, pedindo que apresentassem a Nossa Senhora as suas necessidades»[3].

Os pastorinhos são os profetas, que estão no meio do povo, a interceder pelo povo e fazer Deus presente ao povo. E o que é isto, senão a missão da nossa vida? Desde o nosso batismo que participamos da missão profética de Jesus e, nesta missão, trata-se não só de interceder, mas dar a vida pelo povo, como os pastorinhos, que ofereceram o sacrifício da sua vida inteira como «sacrifício santo e agradável a Deus» (Rm 12,1).

Nossa Senhora diz-lhes: «Deus está contente com os vossos sacrifícios»[4], com o sacrifício das vossas vidas simples. Deus está contente e, como diz a Escritura, a alegria de Deus é a nossa fortaleza (cf. Ne 8,9-10). Demos a Deus o gosto de vivermos alegres por causa d’Ele!

  • As promessas do Céu ou aprender a fidelidade

Nossa Senhora faz muitas promessas: o fim da guerra, a cura de alguns doentes, promete que «em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José»[5] e haverá um milagre no sol. Isto vem na linha de tantas promessas que Deus faz na Sagrada Escritura: a Abraão, aos patriarcas, a David, …

É aqui que assenta a nossa fidelidade: a certeza de que Deus jamais esquece a sua Aliança. Ele, que é fiel no pouco, também há de ser fiel no muito. Era esta certeza que tinha Maria Áurea Soares, quando afirmava: «Ele é sumo Amor, a suma Verdade, que não se engana nem contradiz, que não falseia o seu amado». Só em Deus podemos pôr toda a nossa confiança, como os pastorinhos, porque Ele nunca falta às suas promessas!


[1] Luciano Coelho Cristino, As aparições de Fátima. Reconstituição a partir dos documentos (Fátima: Santuário de Fátima, 2017), 86.

[2] Luciano Coelho Cristino, As aparições de Fátima, 81.

[3] Cf. Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, Memórias da Irmã Lúcia I (Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007), 179.

[4] Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, Memórias da Irmã Lúcia I, 180.

[5] Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, Memórias da Irmã Lúcia I, 180.

Ana Felício, asm

imagem: Kaishin | Unsplash

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