Continuamos com a nossa rubrica “A par e passo”.
Uma proposta para nos ajudar a entrar no coração de cada aparição da Mensagem de Fátima.
Para este mês de outubro trazemos uma reflexão, sobre a sexta aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos na Cova de Iria.
Deixemo-nos acompanhar pelas palavras da Ir. Verónica Sousa, que nos oferece uma leitura a partir de dentro e por dentro desta aparição.
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“Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é“
Ao longo da História, Nossa Senhora tem sido representada de muitas maneiras. Durante muitos séculos, foi representada acompanhada de Jesus S. José ou os seus pais. A partir dos sécs. XIV-XV, passou a ser amplamente representada sozinha.
Neste dia em que celebramos a aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos a 13 de Outubro, ocupa-nos uma pergunta: em Fátima, Nossa Senhora aparece, ou não, sozinha?
Nossa Senhora, na Cova da Iria, não aparece com o Menino nos braços. Todavia, há algo que traz consigo desde a primeira aparição: o seu rosário de luz. Voltemos à aparição de 13 de Maio: a Mãe trazia um terço na mão e, quando abriu as mãos, mostrou-lhes a essência do Rosário, que é a experiência de estar dentro da luz que é Deus, a filiação divina, enfim, o Céu! No dia 13 de Maio, Nossa Senhora dizia entrelinhas, sem usar palavras, que era a Senhora do Rosário e que o Rosário era uma porta para o Céu. E os terços que o Francisco, a Jacinta e a Lúcia rezaram foram o caminho para perceberem quem era e o que queria aquela Senhora tão bela que lhes aparecia.
No dia 13 de Outubro, finalmente, Ela própria o disse, como prometido: «Sou a Senhora do Rosário». Intimamente ligada a esta afirmação está a visão que os pastorinhos têm, nesse mesmo dia, quando a Mãe sobe ao céu: veem os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. Na Sagrada Família, Nosso Senhor e Nossa Senhora das Dores e a Senhora do Carmo estão representados os mistérios do rosário que unem os mistérios da nossa vida à vida de Jesus, qual enxertia na única videira que é Jesus, fora do qual não damos fruto.
O milagre, a promessa e a memória
A aparição de 13 de Outubro é envolvida de uma luz especial. Ela é antecedida de uma promessa feita por Nossa Senhora a 13 de julho de 1917: «Em Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar».
13 de Outubro: O dia do milagre! O Sol bailou! O Sol, que é quem dita as horas, por ele nos orientamos, por ele ritmamos o nosso dia. Em Fátima, o sol baila dizendo que o fundamento a orientação e o ritmo da nossa vida há de bailar ao ritmo de Deus.
O Sol baila, o milagre acontece. A verdade é que milhares de pessoas veem o milagre, e muitas acreditam… mas nem todas acreditam. É que o milagre só é milagre por ser fruto da promessa e razão de esperança. Se não tivesse sido prometido, seria um mero acaso, e se não fosse um motivo de esperança, teria sido facilmente esquecido.
Assim, se da parte de Deus existe uma promessa, da nossa parte é necessária a memória. Porque aqueles que se habituam a fazer memória, esperam, e, esperando, reconhecem a mão providente de Deus, que age misteriosamente em favor daqueles que ama; aqueles que recordam a bondade de Deus são sensíveis à sua presença e nunca deixam de dar fruto.
Nesta aparição, tão importante como a memória é o memorial. A memória é a memória do passado e o memorial, a memória para o futuro. Por isso a Mãe, Senhora da memória, pede que se faça como se fazia no Antigo Testamento: erguer um altar, construir uma Capelinha. Assim teremos uma rocha firme para nos apoiarmos, um lugar para nos reunirmos em oração.
O último pedido
Por fim, voz da Senhora do Rosário fez-se ouvir para um último pedido: “Não ofendam mais a Deus nosso Senhor que já está muito ofendido”. Como quem diz: ponham os olhos n’Ele, porque quem verdadeiramente importa é Deus. A nossa vida só tem sentido quando confiamos nas promessas que Deus nos faz e pomos nelas toda a nossa esperança.
Verónica Sousa, asm
foto: Jonathan Borba | Unsplash