Continuamos com a nossa rubrica “A par e passo”.
Uma proposta para nos ajudar a entrar no coração de cada aparição da Mensagem de Fátima.
Neste mês de dezembro trazemos uma reflexão sobre as aparições de Nossa Senhora e do Menino Jesus à Irmã Lúcia, em Pontevedra – Espanha, nos dias 10 de dezembro de 1925 e 15 de fevereiro de 1926.
Deixemo-nos acompanhar pelas palavras da Ir. Verónica Benedito, que nos oferece uma leitura a partir de dentro e por dentro destas aparições.
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Em 1925, no dia 10 de dezembro em Pontevedra, a Virgem Maria apareceu à Lúcia, então postulante das irmãs Doroteias. Nesta aparição, mostrou o seu Coração cercado de espinhos e pediu à Lúcia consolação através da devoção dos 5 primeiros sábados. Esta devoção consiste em receber a Sagrada Comunhão, confessar-se, rezar o terço e meditar 15 minutos num ou mais mistérios do Rosário, com a intenção de desagravar o Coração de Maria, durante os primeiros sábados de 5 meses consecutivos.
Dois meses depois, no dia 15 de fevereiro de 1926, ainda em Pontevedra, o Menino Jesus apareceu à Lúcia reiterando o pedido de sua Mãe. Esta devoção foi aprovada pelo Bispo de Leiria a 13 de Setembro de 1939, em Fátima.
| Um convite pessoal
A irmã Lúcia recorda a imagem que lhe ficou impressa daquela aparição: Nossa Senhora mostrou-lhe o seu Coração cercado de espinhos e pondo-lhe a mão sobre o ombro disse: “Tu ao menos, vê de Me consolar”[1].
Mostrando o seu Coração, a Virgem Maria confidenciou que aqueles espinhos eram cravados por pessoas ingratas, que a ofendiam com blasfémias e ingratidões. Mais tarde a irmã Lúcia viria a esclarecer que o pedido de fazer cinco primeiros sábados corresponde às cinco ofensas proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
1. Blasfémias contra a Imaculada Conceição.
2. Contra a sua Virgindade.
3. Contra a Maternidade divina, recusando também recebê-la como Mãe dos homens.
4. Infundir no coração das crianças indiferença, desprezo ou ódio a Nossa Senhora.
5. Ultrajar as suas imagens.
Ora, este convite não é indeterminado nem para um futuro longínquo como tantas afirmações que por vezes dizemos ou ouvimos dizer: “depois alguém pensará”; “um dia faremos”. Pelo contrário, é um convite pessoal e para agora. Porque hoje e agora, a Virgem Maria, qual Mãe que educa amorosamente os seus filhos, quer acompanhar-nos e conduzir-nos até Deus.
| A missão da Virgem Maria na Igreja
A Virgem Maria pede consolação, não porque esteja a pensar em si. Ela pede que tu ao menos, a consoles porque todas aquelas ofensas já elencadas são um impedimento à sua missão na nossa vida e na vida de cada homem e mulher. Na cruz, o Senhor Jesus confiou a humanidade à sua Mãe (cf Jo 19, 26). Assim, ela recebeu a missão de ser nossa Mãe e de gerar Cristo em nós. O que a Virgem pede é que tu ao menos não a rejeites, mas que a recebas em tua casa e deixes que ela gere Cristo em ti. Assim como ela acolheu na fé o Filho de Deus; assim como se consagrou a Ele e à sua obra; assim como acolheu a Sua palavra; ela quer conduzir-nos à mesma disposição de fé, esperança e caridade, intercedendo por nós.
| O que consola a Virgem Maria?
Se a missão de Maria é conduzir-nos a Cristo, para que por Ele sejamos conduzidos à intimidade da Santíssima Trindade, a sua maior alegria e consolação será o nosso “Sim” a Deus, amando-O e deixando-nos amar por Ele; a nossa adesão a Cristo, alimentada pela celebração dos sacramentos; o desejo de conversão e santidade; o real e concreto amor pelos irmãos e irmãs; a responsabilidade pelo dom da criação que Deus nos concedeu.
| A guerra
Esta devoção foi mencionada pela primeira vez na aparição de julho[2], como um meio para evitar a guerra. Na iminência de um conflito mundial, Deus ofereceu-nos um caminho possível para a Paz: sob o cuidado materno da Senhora do Coração Imaculado, predispor o coração a viver como Jesus, Príncipe da Paz, que passou fazendo o bem (cf At 10, 38). Escutando a sua Palavra, rezando os seus mistérios, recebendo-O na Eucaristia, confessando o nosso pecado com um desejo profundo de conversão, poderemos aprender a orientar a nossa liberdade para o bem, oferecendo-nos com Ele ao Pai, pela salvação da humanidade.
[1] Lúcia de Jesus, Memórias da Irmã Lúcia I, Fundação Francisco e Jacinta Marto, Fátima 200716, 192.
[2] Lúcia de Jesus, Memórias da Irmã Lúcia I, Fundação Francisco e Jacinta Marto, Fátima 200716, 177.
Verónica Benedito, asm
foto: Ehmitrich | Unsplash