Palavra versus Silêncio | Holy Sonnet 14

“Batter my heart, three-person’d God” 

Palavra versus Silêncio, um poema a cada mês.
Neste mês a Ir. Ana Luísa apresenta-nos um soneto de John Donne. Ultrapassando fronteiras linguisticas, na voz do locutor Kevin Mathews, chega-nos o primeiro poema em Inglês.

Batter my heart, three-person’d God, for you 
As yet but knock, breathe, shine, and seek to mend; 
That I may rise and stand, o’erthrow me, and bend 
Your force to break, blow, burn, and make me new. 
I, like an usurp’d town to another due, 
Labor to admit you, but oh, to no end; 
Reason, your viceroy in me, me should defend, 
But is captiv’d, and proves weak or untrue. 
Yet dearly I love you, and would be lov’d fain, 
But am betroth’d unto your enemy; 
Divorce me, untie or break that knot again, 
Take me to you, imprison me, for I, 
Except you enthrall me, never shall be free, 
Nor ever chaste, except you ravish me. 

By John Donne 

Significado do poema: 

Bate no meu coração, Deus da Santíssima Trindade.
Até agora, só bateste educadamente à porta,
respiraste suavemente, brilhaste a tua luz e tentaste consertar-me.
A única maneira de eu me levantar com os meus próprios pés é Tu me derrubares.
Usa todo o teu poder para me quebrar, para me derrubar, para me queimar
– e, dessa forma, refaz-me como uma nova pessoa.
Sou como uma cidade que foi tomada por um exército conquistador
e que está a tentar deixar-te entrar de novo, mas não consegue.
O pensamento lógico, que é suposto governar a minha mente quando estás fora,
é também suposto defender-me contra ataques à minha fé religiosa.
Em vez disso, o meu pensamento lógico
é mantido em cativeiro por forças inimigas e acaba por ser fraco, ou mesmo infiel a ti.
No entanto, eu amo-te muito e desejo muito ser amado por ti.
Mas sou casada com o vosso inimigo.
Como tal, terás de acabar com esse casamento.
Se o casamento é dar o nó, terás de o desatar ou cortar.
Terão de me raptar e colocar-me na vossa prisão.
Isso porque, a menos que me faças amar-te tanto que me escravizes, nunca serei livre.
E nunca serei pura, a não ser que faças o teu caminho comigo.

Ir. Ana Luísa, asm
Foto: Thaï Ch. Hamelin / ChokdiDesign, unsplash
Background music: Optimistic Change Alex Deeping

Mais
artigos