13 DE MAIO 1917
FÁTIMA AO DETALHE

Foto: Sophie Alves, asm


Ir. Maria Benedita Costa, asm
Irmã da Aliança de Santa Maria


Olhar para as Aparições de Fátima em 1917 de um ponto de vista histórico é, na verdade, um exercício tão importante quanto complexo, dada a necessidade de atender não só à abundância das fontes a ser consultadas, como ao contexto específico vivido à época das Aparições, tanto a nível nacional, como mundial.

Viviam-se tempos conturbados, a nível político, económico, social e religioso. A Primeira República era ainda uma “frágil criança” que dava os seus primeiros passos, com a instabilidade própria ao início de qualquer regime político, tendo como uma das suas principais características – particularmente relevante para a relação que viria a ter com as Aparições de Fátima –, a par com um forte autoritarismo, uma intensa anti religiosidade e anticlericalismo que, contrariando o sentir da maioria da população católica, se refletia em diversas restrições na vivência quotidiana da fé.

A agravar este ambiente de instabilidade nacional, vivia-se ainda um momento particularmente dramático no contexto da Primeira Guerra Mundial, na qual combatiam também soldados portugueses, alguns dos quais acabados de partir para a França.

Por esse motivo, a oração “pelos soldados que andam na guerra” era algo não só vivido pessoalmente no seio de cada família, mas também vivido e recomendado pela Igreja, tanto pelo Papa – Bento XV, apenas uma semana antes tinha pedido às crianças de todo o mundo que rezassem pela paz e determinado a inclusão da invocação “Rainha da Paz, rogai por nós” na ladainha lauretana – como pelos párocos nas suas igrejas paroquiais – como aconteceu com o Pe. Manuel Marques Ferreira que, na própria manhã do dia 13 de maio de 1917, na Missa dominical na qual Lúcia, Francisco e Jacinta participaram, recomendou que “se rezasse o terço pelos soldados”[2].

Não é, por isso, de estranhar que, logo no início do diálogo de Lúcia com Nossa Senhora, ao saber que Ela “é do Céu”, brote espontaneamente a pergunta relativamente ao fim da guerra.

Prescindindo da narrativa da Aparição e respetivo diálogo, amplamente divulgados nas Memórias da Irmã Lúcia I[3], as fontes da época nas quais a Aparição de maio de 1917 ficou primeiramente registada exprimem-nos sob a forma de “brancura” e de “dourado” [4] aquilo que, mais tarde, viria a ser caracterizado pela própria Ir. Lúcia como “luz”, «uma luz tão intensa […] que, penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos»[5].

Ainda nas fontes da época encontramos o registo de um facto curioso relativo a esta Aparição, a única que os videntes puderam experimentar “a sós”, sem presença de peregrinos e/ou curiosos, que “ficou na memória popular”[6]: durante a Aparição, as ovelhas, privadas da vigilância dos seus guardiães, entraram para um campo de chícharos (espécie de leguminosa de cultivo comum na região) e, inexplicavelmente – segundo critérios humanos e naturais – não só não os comeram como não causaram prejuízos nesse campo, sendo que, após terminada a Aparição, se não fosse a pronta intervenção dos Videntes, rapidamente o teriam dizimado.




[1] Por uma questão de acessibilidade de consulta de fontes para aqueles que desejarem aprofundar o tema, citamo-las a partir da obra de Luciano Coelho Cristino (CRISTINO, L. C., As Aparições de Fátima: reconstituição a partir dos documentos, Fátima, Santuário de Fátima, 2017, 1ª ed.), na qual cada Aparição foi tratada individualmente do ponto de vista das fontes documentais.

[2] Cf. CRISTINO, L. C., As Aparições…, p. 25-26.

[3] JESUS, Lúcia de, Memórias da Irmã Lúcia I, Fátima, Secretariado dos Pastorinhos, 2007, 13ª ed.

[4] Cf. CRISTINO, L. C., As Aparições…, p. 28.

[5] JESUS, Lúcia de, Memórias…, 174.

[6] Cf. CRISTINO, L. C., As Aparições…, p. 32.
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