“Os Santos e nós” é o nome desta rubrica inaugurada hoje com “um homem chamado José, da casa de David” (Lc 1, 27).
Haverá ainda que partilhar acerca de S. José após o que Papa Francisco nos deixou na Carta apostólica Patris Corde?
Porém, um outro foco atravessa “Os santos e nós”, um foco vital e pessoal: S. José e nós – S. José e eu!
Vejo S. José como um homem notável, de uma beleza que por mais que seja contemplada, nunca cansa, nem se cansa de se manifestar. A beleza deste homem é a de um homem inteiro, “feito de uma só peça”, coerente e fiel aos compromissos assumidos com o seu Deus e Senhor.
Um homem que acolhe e relativiza todas as coisas, em função do amor de pai e de esposo a que é chamado. Para José, ser pai e esposo era abraçar o Mistério, era fazer seus um Filho e uma esposa, diferentes de outros possíveis filhos ou esposas.
José ama-Os inteiramente como seus, sem se apropriar, sem exercer qualquer tipo de poder, sem buscar nada para si, dando-se sem condições nem recompensas, tal como o Senhor Jesus que vem ao Mundo para servir e dar a vida e não para ser servido (cf. Mc 10, 45). A Kenose do Filho de Deus na sua existência histórica, toca profundamente o ser e toda vida de José, assim como de Maria. Ele participa e comunga do abaixamento de Cristo, numa vida entregue ao amor misericordioso do Pai.
Apesar do seu silêncio nos Evangelhos, acredito num homem que vivia este despojamento com uma alegria contagiante, profunda e única, que só o conhecimento e a intimidade de Jesus Cristo e da Virgem Maria podem dar! Eles eram o tudo da sua vida.
Este é um traço marcante do amor entre este pai dedicadíssimo e os seus filhos: S. José leva-os a colocar no devido lugar as pessoas de Jesus Cristo e da Virgem Maria.
Ninguém como ele, entre os seres humanos, Os conhece e ama; ele conviveu com Eles numa entrega quotidiana, numa grande confiança mesmo não entendendo tudo, como nós também não entendemos; ele sabe o que é abraçar os mistérios de Deus.
S. José ensina-nos a disponibilidade e o acolhimento, ensina-nos a gastar a vida por Jesus Cristo e pelo seu Reino, a pô-Lo no centro da nossa vida e de todos os nossos interesses. Ensina-nos a passar tempo com Jesus no silêncio da adoração e a acolhê-Lo na nossa “casa”, quer na intimidade eucarística, quer no encontro com os irmãos.
S. José ensina-nos a colocar no justo lugar a relação e o amor para com a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Ele dá a conhecer o verdadeiro amor da Mãe e a sua dedicação ao Filho de Deus, gerado no seu seio, e este mesmo e verdadeiro amor pelos seus outros filhos, gerados e recebidos aos pés da Cruz do Senhor!
Creio que a maior alegria de S. José, em relação a nós, os seus filhos muito amados, é a de fazer da nossa casa – interior e exterior – a sua casa, onde Jesus tenha o lugar central e onde a Virgem Maria seja amada e honrada, como parte da família!
“se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”
(Rom 8, 16-17)
S. José, zeloso pai,
amados somos na tua casa,
herdeiros com Cristo, o Primogénito,
herdeiros da misericórdia do Pai Celeste,
da graça do seu Espírito
e do amor da Mãe Santíssima,
Nós, os herdeiros com Cristo, do teu coração fiel,
te pedimos: (a)guarda-nos com Ele!
19 de março de 2021
Foto de ASM: Escultura de São José, Maria Amélia Carvalheira
– Capela da Comunidade dos Pastorinhos, Fátima